terça-feira, 11 de outubro de 2011

Antes das seis

          Já me perguntei, por tantas vezes, quem fora o imbecil e tolo que havia criado esse torpe sentimento. O Amor, ah o Amor. Assim mesmo, com a inicial maiúscula. Assim me refiro a essa doce tormenta. Poder e força. O Amor é como a fé. Acreditar naquilo que não se pode ver. Quem acredita e quem vê? Apesar de tocar e tocar e tocar, ainda não há um diagnóstico plausível para essa doença. Já imagino o médico olhando no fundo dos meus olhos e dizendo: _É, você está demasiadamente corado e com o brilho anormal. Sintoma de apaixonado. Não, não existe isso. Como saber que está amando? Há uma receita para amar? E o contrário? Há como evitar cair nos laços dessa armadilha voraz? Algoz da razão. Há uma linha bem tênue entre a paixão e isso, que outrora tentei evitar. Mas, não sei o que aconteceu. Quer dizer, até sei, mas não consigo explicar como.
         Isso não pode virar uma absurda teoria com hipóteses vãs. Tantos já escreveram sobre ele, embora nem todos o conheçam, de verdade. Mas quem pode afirmar com certeza que conhece algo que já foi tema de poesias, filmes e canções? A música que, por si só, é uma manifestação do Amor. Ágape, Pragma e Eros. O tema é complexo e vem de uma antiguidade remota.
         Não quero explicações e nem quero questionar nada. Hoje, quinze anos após aquela trágica véspera de feriado, eu quero sossego e paz. Encontrei a resposta que queria. E, com mais conhecimento de causa que o filósofo Sócrates, eu descrevo o real. Nem sublime, nem platônico. O Amor de verdade, do cotidiano insalubre, das agruras e dos obstáculos. Consigo vê-lo daqui, perto do meu travesseiro. E a minha maior dúvida agora, o motivo que perturba o meu sono, é saber de quem será a vez de fazer o café. Vamos ver se acerto, dos dois quem acordará primeiro.
Inspirado na música de Renato Russo

2 comentários:

  1. Em um dia assim, em que a perda fica tão viva em nós, por todas as músicas que deixamos de conhecer com a partida do Renato vc nos presenteia com essa linda homenagem e mostra toda a beleza de um poeta, que pergunta quem invetou o amor como se a voz de todo mundo num coro fantástico perguntasse junto com ele, hj nesse coro regido por Renato vc se destaca de maneira tão bonita com a pergunta, Quem inventou o amor? Parabéns!!!

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  2. Por este texto podemos ver a magia que todos podemos passar em nossas vidas, e também que para termos o Amor não basta mais nada que realmente vive-lo.
    Enfim penso eu que o Amor foi inventado juntamente com os seres pois deste sentimento tudo começa, desde o Alfabeto até o fim de nossas vidas juntamente com o ADEUS.

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